Abscessos e fístulas perianais: O que são?

Desde os tempos de Hipócrates, há 400 anos a.C., na Grécia Antiga, descrevem-se processos infecciosos no entorno do ânus e canal anal. Essas infecções, comuns em homens de 30 a 40 anos, manifestam-se por sintomas como dor, inchaço, endurecimento, vermelhidão, desconforto para evacuar e ocasional febre.

Abscessos perianais surgem como coleções de pus, evoluindo para fístulas perianais, trajetos que conectam orifícios interno e externo. A evolução de abscesso para fístula ocorre em metade dos casos, muitas vezes devido ao entupimento das glândulas anais. Causas menos comuns incluem câncer, linfoma, leucemia, tuberculose, entre outras.

O diagnóstico é clínico conversando-se com o paciente, ouvindo suas queixas e realizando um exame físico geral e local cuidadoso e, se necessário, com analgesia e/ou anestesia. Se após o tratamento inicial que consiste na drenagem cirúrgica do pus, o quadro persistir e evoluir para uma fístula, o paciente deverá ter acompanhamento médico com especialista.

Na recidivas, alguns exames poderão ser realizados, como os de laboratório, endoscópicos e exames de imagem como tomografia ou ressonância, que podem auxiliar na elaboração do planejamento cirúrgico.

Devido à complexidade e variedade de manifestações clínicas dessa doença, ocasionalmente, serão requeridos múltiplos procedimentos cirúrgicos, incluindo a colocação de pequenos drenos e reparos conhecidos como "setons" ou "sedenhos". O uso do laser, além dessas intervenções visam controlar os processos infecciosos, enquanto preservam a musculatura esfincteriana, com o propósito de evitar a incontinência anal, uma das complicações mais preocupantes associadas a esse tratamento.

Portanto, lembre-se: ao sentir dor ou tumefação (aumento de volume) na região ao redor do ânus, nem sempre o tratamento com banhos de assento, anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos pode ser suficiente.

O abscesso anal demanda atenção imediata, sendo uma urgência médica que não deve ser adiada, seguindo a máxima na medicina: identificado o abscesso, é essencial drená-lo prontamente.

Fonte: Sociedade Brasileira de Coloproctologia

Dr. Daniel De Castilho

CRM 130.308 │ RQE 86384

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